quarta-feira, 28 de março de 2012

Destino II



O destino voa por sobre as asas
Sombrias de um tempo macabro
Onde os medos se escondem
Por sob devaneios e as mentiras
São gastas como o vinho caro
Que se serve a mesa dos fartos.
E o belo é descartado como a riqueza
Mais cara que falta ao mais honrado.

O amor sobrevoa por sobre toda essa pantomima
E o mundo ecoa seu nome num clarão
Mas não ressoa, nem se escuta
O mínimo que seja de um som.
Apenas o ecoar do silêncio
Perturba essa miragem.


Thiago Grijó Silva

domingo, 25 de março de 2012

Cemiterio da Alma



Hoje  não tem lua cheia
Não tem amor nem ternura
Hoje é um dia nublado
Um céu de estrelas nuas.

Hoje não tem sonhos bons
Não tem fervor nem candura
Hoje é mais um passo da morte
Uma estrada para a loucura.

Hoje não tem salvação
Pedidos, desejos, apelos
Que não te escapem pelas mãos

E hoje não existe emoção.
Versos, prosas, és poeta
E é tudo que tens de bom.


Thiago Grijó Silva

sábado, 24 de março de 2012

Magoa


Não me sorriam
Os olhos latentes da magoa
Decorrida dos tempos
Entregue a uma farsa.

Quando não me perdia
A dor me encontrava
E de alguma maneira
Meus sonhos matava.

Nunca partiu-se a corrente.
E o ideal de liberdade
Deixei estocado na saudade.

E jamais lhes sorri
Se não me sorriam.
Nem os vi, se não me viam.




Thiago Grijó Silva

quinta-feira, 22 de março de 2012

Carta Suicida




É hoje, o dia que termina
Todas as angustias da minha vida...
É hoje, o dia em que termino
Todo esse processo degradante
Que tem sido minha existência.

É hoje o dia que finalmente
Desfaço a desgraça que sou
E não lamento, nem um segundo,
Ter chorado mais do que deveria
Não ter amado, mas magoado.

É com grande pesar no meu peito
Que me despeço. Sem longas palmas,
eu lhes peço. Sei que não me querem aqui
Mas guardem sua gratidão
Para quando eu partir.

É em festa que ao mundo hoje canto
Minhas dores enterradas sob faca.
A cura de minhas doenças.
E em festa o mundo hoje me fala
Em coro: Adeus!


Thiago Grijó Silva

segunda-feira, 5 de março de 2012

Caminhante


Não estou vivo,
Pressuposto nem morto.
Apenas ferido, gravemente,
e gradativamente, ferido.

Não estou perdido,
Pressuposto nem no caminho.
Apenas seguindo separadamente,
E gradativamente sozinho.

Não ascendi ao céu
Nem alcancei o inferno
Mantive-me cego

Entre ambos, num lugar qualquer.
Nem morto, nem vivo,
Pressuposto arrependido.



Thiago Grijó Silva

quinta-feira, 1 de março de 2012

Crepúsculo




E ninguém te ouviu gritar
Nem aplaudiu, tal espetáculo
Boa alma alguma lhe sorriu
Ou se fez chorar.

E nenhum sonho lhe acolheu
Nem versou com este teu pranto
Canto algum veio te afagar
Ou fazer teu choro calar.

Todos os dias o abandonam
Nenhum deles pensou voltar
Se foram com o vento

Como cada bom momento
Verteu-se em fumaça no ar
Fazendo a noite reinar.


Thiago Grijó Silva