domingo, 12 de fevereiro de 2012

Trajetória




Envolto nas sombras
Sua vida o transformou
Num solitário viajante
Sem carinho nem amor.

Os dias morriam.
A vida passava.
E o futuro,
Era apenas nada.

A poeira das lembras
Todavia era arrastada
Conturbada pelos ventos
Da insegura estrada.

A luz já não se via
Esperanças para lutar
Beirando a insanidade
Com medo de acordar.

E a loucura era um convite
A dançar entre os castelos
Perpetuar “alegria”
Entre os sonhos mais belos.

Ante a linha que divide
O real do impossível
Escolheu a sanidade
Por tempo indefinido.

Mas a luz ainda não vinha,
Os dias morriam e a vida passava,
Envolto nas sombras
Com certeza de nada.

As perguntas se repetiam
Na escuridão ressoavam
Esperando as respostas
Que nunca chegavam.

E a loucura era um convite
A rir e chorar
Perpetuar “sanidade”
A quem não consegue descansar.

Talhou na alma
Uma singela canção,
4 estrofes
Batizando, Escuridão.

Ao longo do caminho
A luz vinha e se ofuscava
Os dias morriam e a vida passava
A resposta, nunca chegava.

Talhou no corpo
Mais quatro canções
E nomeou-as com os
Nomes das estações.

A beira da loucura
A sanidade lhe salvava
Mas a frente do sepulcro
Já não se podia fazer mais nada.

E a loucura era um convite
A dançar e morrer
Perpetuar uma “chance”
De viver.

E talhou no sepulcro
Uma estrofe a mais
E despediu-se do mundo
Procurando por paz.


Thiago Grijó Silva

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Rosa






Não trago de minhas terras
Vagas lembranças
Ou sonhos que possa
Aqui lhe entregar.

Não trago de meu caminho
Algum conhecimento
Ou instantes se quer, de alegria
Para convosco partilhar.

Não venho porem esta noite
Trazer-te dor ou amargura
Nem pretendo estender-me mais
Do que minhas palavras me permitam.

Não venho aqui agora
Pedir-te nem tentar, dizer
Qualquer coisa
Alem do que já não tenha feito.

Não peço aos homens que me testemunhem
Para isso tenho a lua!
Que me banha perpetuamente
De inspiração.

Não venho hoje então, rogar-te
Que me ache, ou que me perca
Nem dizer-te, sinto falta
Ou que padeço.

Venho apenas versando
Não a ti! Mas cantando
Cada parte de mim,
Como uma estrela

No cume dos céus
Disseminando a ignorância da vida
Eu, dissipando as luzes trevosas
Do teu caminho,

Não venho agora tarde
Pedir teu abrigo,
Água ou comida
Nem um resto de carinho.

Não trago de meu passado
Felicidade ou fortuna
Nem um futuro
Que eu possa ofertar.

Não trago em cada dia
Um presente
Nem busco em cada momento
Um significado qualquer

Que um dia se deslumbre
Em vista do medo que já
Possui meu espírito
Por completo.

Mas não venho trazer essa lembrança
Vim para que? Ou para quem?
Vim para ninguém
Vim por mim.

Vim lhe entregar o que durante
Toda a minha vida
Foi o símbolo do meu amor
Por ti.





Thiago Grijó Silva 

Escrevi esse poema para um conto de minha autoria chamado "Fruto".