quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Saudades


Talvez a saudade
Me incomode alguns dias
Lembrando-me a falta
Dos beijos que não foram roubados.

Talvez a sanidade
Por outras vias me perturbe
Fazendo-me querer
Dos olhares, uma cor.

Mas, ainda que não dure,
Me incomodara a tristeza
De não tocar teus lábios uma vez mais.

E ainda que não passe
Me entregarei a saudade
De vivas lembranças, de ti.


Thiago Grijó Silva

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Quadro


Sempre que eu descubro felicidade
eu vejo que um pedaço do quadro
ainda não está pintado.
E quando está, outra parte borra.

Conclui com isso que o quadro nunca estará completo
e ninguém pode ser feliz de verdade.
Mas podemos ter momentos de felicidade.


Thiago Grijó Silva

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Paragrafo


É tão triste você não poder viver
do que alimenta seu espirito
e faz seus dias terem sentido.
E se sujeitar ao que existe parece
tão pouco e injusto, ter que fazer
o que o mundo vive rotineiramente
e agora me parece capricho não se sujeitar
A viver das migalhas e de lixo.

Mas que remédio, se sou caprichoso,
se tenho asas, porque não voo?
É frustrante viver de cimento e lama
onde você não alcança o que te faz sentir
como o vento que sopra nas montanhas
numa manhã de neblina, ou como cheiro da grama 
molhada que te faz lembrar da chuva, ou como
qualquer coisa que já tenha te feito sorrir.

Mas o mundo não se importa
com o que te move. Nenhuma pessoa
percebe tua alma acuada, reclusa
num canto de sonhos, ansiando
pelo dia de exportar sua voz aos quatro
cantos do mundo, e fazer o mesmo gritar.
Nem todos podem ser o que sonham
Mas eu ainda prefiro sonhar...


Thiago Grijó Silva

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Dias Vazios


Dias vazios
Frios como a ternura
Branda do meu coração sombrio
Como a loucura doce
Que acalma minha mente sutil
Que me abraça
Com o calor de um arrepio

E como se todo dia
Me sentisse assim
Vivo dentro da morte
Morrendo enquanto sonho
Vivendo enquanto acordo

E a mente me desperta
Com o menor calafrio
Do seu corpo sutil
No amanhecer do vazio
Que me enriquece a alma
Que me da sentido

Como se todo dia
Me sentisse sozinho
Procurando as escuras
Enquanto perdido
Seguindo com medo
Enquanto vencido

São dias solitários
Frios como o amor sólido
Do seu olhar sem brilho
Como o céu vazio
Que me faz sentir esquecido
Que me entristece
Com a noite mergulhada no sombrio

Como se refletisse
A ausência da esperança
A força de perder
A vontade de não querer... Morrer...

São dias sombrios
Eternamente vazios...


Thiago Grijó Silva

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Tumulo


Dor que não percebe doer
Chão que não consigo pisar
Os sonhos que não alcanço
Se põem no fenecer de um abraço
Retrato marcado no infinito
Ilusão de menino, perdido
Que não consegue acordar.

Solidão que não se percebe
Mentiras que viram verdades
O mundo perdeu suas cores
E o tempo, antes eterno,
Agora se põe sob as paredes
Grosas de vidro que me cercam
A mente e não me impedem de ver.

Morte que não percebe morrer
Céu que não consigo tocar
Sangue que não percebe sangrar
Tempo que não percebe perder
Dias que não podem voltar
Dor que não percebe doer
Sonho do qual não vai despertar.


Thiago Grijó Silva