terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Acalanto

Você podia me dizer um dia
Uma palavra qualquer
Que parecesse carícia
Ainda que aveludada
Por frases repetidas
Tiradas de contos de fadas
Sonhos, ilusões ou fantasias.

Você nesse dia, podia,
Vestir-se de elogios
Que abrandassem minha ira
Acalentando meu peso
Aliviando minha mente
Adormecendo meus olhos
Dispertos numa vermelhidão inconsequente.

Thiago Grijó Silva

18/12/2018

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Fora.

Um dia qualquer
Enquanto você anda pela rua
Passa, a sombra que vaga
Nas ideias desiludidas
De uma mente ocupada
Por pensamentos degustados
Em um paladar emudecido.

Numa noite qualquer
Enquanto venta a solidão
Passa a sua visão
A janela de um mundo
Que jamais te conheceu.
Sonhos estruturados
Em flocos de isopor.

Enquanto o tempo
Sua vida toma.
Todo o resto está morto.
E não te basta o ar,
Ou a comida.

Enquanto só
Em um canto chora.
Todo o mas, está fora.
E não te supre o amor,
Ou a bravata.

E a cada sol se vai um dia,
Suas chances vão também.
E a cada lua se vai uma noite,
Seu descanso, não vem.

Um dia qualquer, numa noite
Enquanto na solidão você anda
A vaga sombra da sua visão
A desilusão pelas janelas do mundo
Que desconhece uma mente
Degustadora de sonhos
Formados de isopor.

Thiago Grijó Silva

16/11/2018

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Mero Aprendiz

Suas mãos sujas
Tocaram acordes mortos.
E essas notas resplandecem
Em meu inconciente.

Esses seus sonhos
Me pervertem, sao imundos,
Palavras torpes e malditas.
Distorções de pureza.

Suas habilidades,
De que lhe sevem?
Mero aprendiz.
Tens pouco talento
Para o tempo que te deram aqui.

Suas dores são fracas.
Seus medos absurdos.
Sua imagem é uma distorção
Repartida em um espelho de bronze
Da figura de um qualquer,

Que ninguém liga
Que ninguém quer.
Mero aprendiz.
Tens pouco talento
Mas muito temor.

Tua vida é uma gafe
Nas entre linhas da existência.
Uma rassura a caneta
Que a borracha não toca.

E meus devaneios sem sentido
São apenas sentimentos
Confusos e perdidos
Como eu nesses dias
Confuso e perdido
Nas palavras,
E até no amor.

Que essa luz não morra.
Mero aprendiz.
Tens muito plantio
Mas nenhum feliz.

Thiago Grijó Silva

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Cíclico

Hoje, pior dos dias
É eterno e imutável.
Páginas soltas
De poesias apagadas.

Sempre, ao longe
Sonhos adormecem
Num pomar de lamúrias
Por uma saudade.

Hoje, os piores anos
Sempre a espreita
Do sublime.

Sempre, o mais difícil
Hoje decorre
E se repete.

Thiago Grijó Silva
09/04/2018

domingo, 8 de abril de 2018

Oração

Senhor,
Eu me sinto afastado
De Teus cuidados
E carente de Teus olhos

Me sinto caido.
E em cada pedaço
Um reflexo da vida,
Que segui?

Ó Senhor,
Me sinto mais fraco
Como nunca antes
Havia me sentindo

Destruido, e em farrapos
Estou entregue as moscas
Que bailam na pútrida lembrança
De um conto infantil.

Senhor,
Me escuta.
Antes Tua misericórdia
A essa ode de horror.

Totalmente entregue.
Preciso de caminhos
Pois fecharam por fora
As janelas e portas.

Senhor,
Estou perdido.
Me encontra
E me sopra no espírito

Tudo que estiver além
De onde minhas dores
Me permitam enxergar

Ó céus, Senhor,
Leva-me um manto branco
Para cobrir-me
Do frio sonho dos tolos.

E levanta-me na direção,
Muito além, de onde
Eu jamais imaginaria chegar.

Ó Deus
Eu me sinto esquecido
Do Senhor, do mundo
Dos amigos de tudo.

E os quadros queimando
Nas paredes do quarto
Lançam sombras a mente
E cinzas ao chão.

E é nesse grito
Senhor,
Que eu choro.
E te canto.

De - me um sorriso.
Mata esse pranto.

Thiago Grijó Silva

quinta-feira, 15 de março de 2018

Limite

Toda a força se esvai.
Todo o poder se entrega.
E eu que gloriava
Hoje me rendo.

Todo o amor virou pó.
E toda a alegria emudeceu.
E eu que pairava
Hoje não me ergo.

A vida segue o tempo.
E eu que não
A pude alcançar

Desenho, palavras
Que voam no vento
Para nenhum lugar.

Thiago Grijó Silva.