quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Dia Cinza


Dia cinza e com o tempo fechado
demora até percebermos
que o mundo esta de cabeça pra baixo
mas não me faço cair.

Sustenta meu peso, o medo
Que me manifesta suave como a nevoa
com um toque de tristeza,
chuva miúda em meu ser.

Do corpo, ao pó voltarei.
Espero, Deus, que demore
Pois não tenho presa.

Quero esperar aqui sentado
respirando o cinza desse ar
gelado, que me pesa.

Thiago Grijó Silva


terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Tolice

Eu costumava ter pena
Sentia remorso, ódio
Mas nunca me abatia
Ainda que morresse.

E me acostumei a doer
Não dor pequena, caricata
mas no seu exagero
me personificava.

Cada passo pesava
Caídos os ombros,
meus braços, não levantava

Sem agarrar meu futuro
pensei em parar.
Mas deixei isso pra lá. 


Thiago Grijó Silva

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Sexta Pagina

Hoje não tenho inspiração nem canções
que eu queria cantar.
Meus poemas, meus versos,
hoje nada me dizem
estão mudos
perplexos pela tua ausência abrupta.

Nunca imaginei doer assim.
Eu que sempre fui tão forte
eu que nunca chorei diante da morte
fui levado ao chão.
Num golpe covarde e sorrateiro
Perdi anos de um rosto maltratado pelo tempo
Anos de amor, carinho
e a minha mente se reserva apenas
as vezes em que fui tão rude
as brigas, os gritos.

Essa noite eu senti apertar meu coração
até o ponto em que não se contivesse
mais as lagrimas. Que se foram. Para nunca mais...

Em mim eu gritei contra a estrada
mas voltar é impossível. Deus disse.
o que um boneco pode fazer?
continuar brincando, até tirarem sua pilha
ou não quiserem mais você.
São só blasfêmias, de uma alma atormentada
pela ideia da morte, ser consistente.

Dois segundos no tempo, um mês ou mais,
talvez apenas um dia, seria o bastante
para eu levar um pouco mais de você
pela estrada que agora perdeu suas margaridas
e já não tem mais o mesmo sabor.
Como um prato de comida, bonito, apetitoso,
a vida se apresenta imortal e saborosa.
E conforme você come, e o prato terminando
Todo o bonito vai morrendo, e o tempo acabando.
Mas o novo sempre te espera,
esse é o consolo dos vivos,
esperar que o novo recupere
tudo aquilo que foi perdido.

Mas um dia você volta, e leva o novo embora.
E outro vem. E crescemos.
Por isso hoje não tenho raiva, ou magoas.
Apenas continuarei a caminhar.
inda que me falte uma estrela,
sei que o céu continuara a brilhar.
E é claro, vou sentir saudades.
Um beijo. E até mais tarde.


Thiago Grijó Silva

Até mais Vó...


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Inenarrável


Eu não sei descrever aquele momento
Com palavras ou versos, tudo parece
tão pequeno, e nada corresponde a grandeza
dos sentimentos que corriam por minha
alma naquele belo momento.

Eu não sei cantar como me sinto
Com prosas ou gestos, nada parece
Ter força para explicar o que eu vi
Quando em poucos segundos seu
olhar voltou-se a mim.

Você me tocou naquele instante
Sem toques ou beijos, tudo parece
Fazer sentido, e nada estraga a beleza
da poesia que corria, inenarrável, através
dos teus olhos a mim.


Thiago Grijó Silva

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Quinta Pagina


Eu procurei em minha trajetória
uma rota até as estrelas
que nunca alcancei. 
E segui por tempos esse caminho
entre as rotas do destino, esquecido.

Nunca pensei que fosse perder-me dos sonhos 
que até ontem davam as mãos a essa criança
e cantarolava comigo velhas canções
que neste fatídico momento não me consolam
o triste fardo de estar solitário.

Andei tantos anos sem dar um passo
chorei tantas vezes e nunca senti minhas lagrimas
acostumei-me a dor e as feridas que apenas eu via
marcar-me a pele da alma esfolando-a todos os dias.
Sem me perguntar se estou vivo o mundo gira
e trás a mim novo sol, novo dia.
Mas não perguntou se eu estava pronto.

Eu quis voltar, e não podia, se eu tentasse Deus ria
mas também não me deixava deitar. 
Todas as vezes em que fingi ser forte sentia o céu
pequeno desabar em minhas costas e quando fui rude
senti a mão pesada do destino em minha face
que não doía mais que o verme sujo que em meu interior
remoía palavras sujas. Maldito verme! Culpa!

Estou perdido num sonho que nunca desejei sonhar
Não vejo um caminho que possa me levar ao inicio.
Tanto eu queria ser, vencer. Nada fui, nem venci.
dizia meu anjo "Se ainda respiras, é por que podes ser feliz".
Não sei qual a maior mentira. 
Felicidade ou os sonhos que roubei de mim
Estou fraco e cansado, mas devo seguir.


Thiago Grijó Silva