domingo, 9 de maio de 2021

Ventre

No primórdio da vida
Posso te escutar, sentir;
Um amor abrasador,
É tudo o que eu conheço.

No ventre da existência
só quero saber da voz,
que acaricia tenramente
a formação do ser.

Eu não entendo de palavras. 
Mas sinto preencher-me 
Do que elas estão carregadas.

E mesmo sem entender as palavras
Eu gosto de ouvir, eu quero sentir,
abraçá-las, pois sou parte de ti.

Thiago Grijó Silva  
09/05/2021

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Me Liberte

Queria pedir a sua ajuda e te falar
sobre cada tormenta que preenche
minha essência todos os dias, 
transbordando dor nessa carcaça vazia,
descarrilhada do amor e da alegria
condenada a uma prisão de fantasia.

Como eu queria reclamar o teu colo
e derramar sobre ele cada farpa
desse imensurável jardim, construido
totalmente a partir da minha inepta
percepção da realidade de um mundo,
onde me arrasto a procura de existir.

Rolando pelo tempo, vertendo minha vida
em breves e desbotados momentos
quadrificados na moldura apodrecida
de uma trajetoria infima, que conduz
a minha alma por um denso lamaçal 
aprisionado-a num tom de cinza;

Onde eu vago eternamente
pelo tempo que me deste,
ando na procura de um carinho
vivo na esperança de uma prece,
que me avive o espirito, que me alegre
e extirpe do meu ser, o que me padece.


Thiago Grijó Silva (18/09/2020)

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Acalanto

Você podia me dizer um dia
Uma palavra qualquer
Que parecesse carícia
Ainda que aveludada
Por frases repetidas
Tiradas de contos de fadas
Sonhos, ilusões ou fantasias.

Você nesse dia, podia,
Vestir-se de elogios
Que abrandassem minha ira
Acalentando meu peso
Aliviando minha mente
Adormecendo meus olhos
Dispertos numa vermelhidão inconsequente.

Thiago Grijó Silva

18/12/2018

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Fora.

Um dia qualquer
Enquanto você anda pela rua
Passa, a sombra que vaga
Nas ideias desiludidas
De uma mente ocupada
Por pensamentos degustados
Em um paladar emudecido.

Numa noite qualquer
Enquanto venta a solidão
Passa a sua visão
A janela de um mundo
Que jamais te conheceu.
Sonhos estruturados
Em flocos de isopor.

Enquanto o tempo
Sua vida toma.
Todo o resto está morto.
E não te basta o ar,
Ou a comida.

Enquanto só
Em um canto chora.
Todo o mas, está fora.
E não te supre o amor,
Ou a bravata.

E a cada sol se vai um dia,
Suas chances vão também.
E a cada lua se vai uma noite,
Seu descanso, não vem.

Um dia qualquer, numa noite
Enquanto na solidão você anda
A vaga sombra da sua visão
A desilusão pelas janelas do mundo
Que desconhece uma mente
Degustadora de sonhos
Formados de isopor.

Thiago Grijó Silva

16/11/2018

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Mero Aprendiz

Suas mãos sujas
Tocaram acordes mortos.
E essas notas resplandecem
Em meu inconciente.

Esses seus sonhos
Me pervertem, sao imundos,
Palavras torpes e malditas.
Distorções de pureza.

Suas habilidades,
De que lhe sevem?
Mero aprendiz.
Tens pouco talento
Para o tempo que te deram aqui.

Suas dores são fracas.
Seus medos absurdos.
Sua imagem é uma distorção
Repartida em um espelho de bronze
Da figura de um qualquer,

Que ninguém liga
Que ninguém quer.
Mero aprendiz.
Tens pouco talento
Mas muito temor.

Tua vida é uma gafe
Nas entre linhas da existência.
Uma rassura a caneta
Que a borracha não toca.

E meus devaneios sem sentido
São apenas sentimentos
Confusos e perdidos
Como eu nesses dias
Confuso e perdido
Nas palavras,
E até no amor.

Que essa luz não morra.
Mero aprendiz.
Tens muito plantio
Mas nenhum feliz.

Thiago Grijó Silva

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Cíclico

Hoje, pior dos dias
É eterno e imutável.
Páginas soltas
De poesias apagadas.

Sempre, ao longe
Sonhos adormecem
Num pomar de lamúrias
Por uma saudade.

Hoje, os piores anos
Sempre a espreita
Do sublime.

Sempre, o mais difícil
Hoje decorre
E se repete.

Thiago Grijó Silva
09/04/2018

domingo, 8 de abril de 2018

Oração

Senhor,
Eu me sinto afastado
De Teus cuidados
E carente de Teus olhos

Me sinto caido.
E em cada pedaço
Um reflexo da vida,
Que segui?

Ó Senhor,
Me sinto mais fraco
Como nunca antes
Havia me sentindo

Destruido, e em farrapos
Estou entregue as moscas
Que bailam na pútrida lembrança
De um conto infantil.

Senhor,
Me escuta.
Antes Tua misericórdia
A essa ode de horror.

Totalmente entregue.
Preciso de caminhos
Pois fecharam por fora
As janelas e portas.

Senhor,
Estou perdido.
Me encontra
E me sopra no espírito

Tudo que estiver além
De onde minhas dores
Me permitam enxergar

Ó céus, Senhor,
Leva-me um manto branco
Para cobrir-me
Do frio sonho dos tolos.

E levanta-me na direção,
Muito além, de onde
Eu jamais imaginaria chegar.

Ó Deus
Eu me sinto esquecido
Do Senhor, do mundo
Dos amigos de tudo.

E os quadros queimando
Nas paredes do quarto
Lançam sombras a mente
E cinzas ao chão.

E é nesse grito
Senhor,
Que eu choro.
E te canto.

De - me um sorriso.
Mata esse pranto.

Thiago Grijó Silva