segunda-feira, 22 de abril de 2013

Despedida




Oi mundo
tem sentido minha falta?
Talvez não tenha notado
que andei longe
por muito tempo isolado
pensativo, meditando
recalculando as orbitas
do meu sistema planetário.
para por fim sepulta-lo
num buraco escuro e gelado.

Mas mundo
promete que vai lembrar de mim?
Talvez não fale meu nome
ou nem lembre meu rosto
mas se apenas deixar
florescer esse botão no coração
dos outros, ele possa
desabrochar em cada um deles
saudades. E por em cada rosto
muitos risos, muitas lagrimas.

Ah mundo
alguém tem perguntado?
Talvez não tenham notado
ou não pensem mais em mim
apenas faça valer meu esforço
e de aos poucos que se lembram
um minimo de conforto
e retarde este silêncio
que ocupa meu espaço
apagando meus rastros.


Thiago Grijó Silva

sábado, 6 de abril de 2013

Sétima Pagina

Não tem velas ou ventos
meu barco podre esta naufragando
e não tenho remos ou botes
para alcançar terra firme 
que se esconde sob ondas negras
e a quebrada de cada onda
me revela uma bruma vermelha
e em meu rosto disforme
vejo a sombra de um vil ser vivente
uma tormenta que paira só
e apenas na minha cabeça.

Virei o leme para outro curso
mas mudar o rumo
não me afasta da sombra,
não posso fugir de mim.

É eterna a noite nesses mares,
gélido são os cantos uivantes
dos tornados que conduzem
as negras águas para um balé sombrio.
E rodando ao redor do navio
o derrubam, o cortam
sem sequer me tocar.
Tenho medo mesmo 
é dos seres que habitam tais aguas
e procuram da minha alma se alimentar
todos tem um mesmo rosto
que o espelho insiste em me mostrar.

Pedi socorro, mas Deus não ouviu
talvez tenha saído, ou quem sabe
esta esperando que eu seja o milagre
em vez de procurar por um.

Eu só sei que não estou mais aguentando
esse mar me balança e me testa aos limites
que o imaginário humano nunca
poderia alcançar.
cada dia dura um minuto, as vezes mais
tem tempos em que o tempo inexiste
e vago entre paredes brancas
virando o leme a lugar nenhum
Mas vou tentando conduzir minha vida
sem um tripulante no barco,
mas vejo outros barcos fugindo
acho que tem medo de vir para cá.

Acenei a um deles com um grito
e verbalizei minhas balas
sem nenhum motivo
e vi outro barco recuar.

Agora chove, chove uma chuva salgada
que preenche todo o mar
e que machuca,
e cria uma ulcera a corroer
meu corpo por dentro
e chove tanto que nem lembro
porque começou.
Tanto esforço e tempo gasto,
bravatas sempre foram meu fado
Lamina que me faz morrer.

Cortei os pulsos outro dia
mas nenhum sangue caiu
nenhuma lagrima jorrou
será que meu mar secou?


Thiago Grijó Silva


















quinta-feira, 4 de abril de 2013

Passagem


Sinto-me longe...
Distante do que antes me alegrava os dias
Do que antes me enchia de alegria
Agora nem mais ouço falar...

Sinto-me preso...
Trancado na minha vida
Prisioneiro de um mundo feito de mentiras
E eu não sei por onde escapar...

Sinto esvaziar-se a mente
Sinto-me levemente vago de conteúdo e saber
Como se toda experiência adquirida
Se transformasse da noite para o dia
Numa mórbida e suja palheta de mentiras
Desenhando fantasias, que eu não consigo usar...

Sinto-me perder-me de minha alma
Como se tua essência fosse vagarosamente embora
Enquanto assisto meu mundo sumir
No olho tenebroso de um buraco negro, inexistente de saber
Como meu mundo está atualmente, inexistente de viver...

Sinto que não me sinto o mesmo
Como se cada lembrança me dissesse
Que já não sou mais o que fui
Como se a cada dia eu soubesse
Que já não serei mais o que fui...

Sinto que já não escrevo
Por que não vejo mais
Aqueles belos dilemas
Onde estão meus poemas?
Por que não os leio mais?
Sinto que não me vejo a frente do espelho
Quem me falou que meus olhos estão vermelhos?
Por chorar por amor...

Sinto-me carregado
Cada dia passando como um raio
Sinto-me carregado
De dor e paixão
Essa tristeza e forte
Agoniando meu coração
Já um pouco cansado
Esperando acordado, a felicidade bater
Mas apesar de atrasada
Não vou brigar com você...

Quero saber quando vou escrever.
Sinto que já não ouço mais o poema
Sinto que os sons se calaram para mim
Como os sinos que já não tocam
Esperando ansiosos, o momento deu partir...

Mas já sei que estou errado
Afinal isso é tudo ao contrario
Meu erro é achar que acertei
Mas acerto quando penso que eu errei...

Olho pra frente e só vejo o escuro
Sinto-me no submundo
Mas ainda vejo o sol
Distante, porém grande
Forte, porém oculto
Iluminando quase tudo
Quem sabe não me ilumina também?...

Sinto-me castigado
Por mim mesmo
Aprisionado nesse quarto
Olhando pros lados
Imaginando lugares que eu não conheci
Pessoas que eu nunca vi
E mundos que eu ainda não construí...

Sinto-me com pena de mim
Como se estivesse desgarrado da verdade
Acolhido pela mentira da realidade
Das pessoas que reneguei...

Sinto que não choro
Mas penso que gostaria
Uma lagrima fria
Expressaria minha dor
Talvez melhor do que palavras
E quem sabe curaria minha dor
Talvez melhor do que o amor...

Sinto que já não amo
E no meu peito está
Uma pedra a bombear-me o sangue
No lugar de um coração...

Sinto-me sozinho
Mas ainda tenho motivos para lutar
Agora e hora de ir
E daqui eu vou seguir...


Thiago Grijó Silva