quinta-feira, 11 de julho de 2013

Oitava Pagina


Se eu pudesse me agarrar a alguma coisa, eu sonharia. 
Porque dos sonhos, eu sei, posso tirar meu pão
arrebatar minha sede num mutirão de palavras 
Doces que recaem em meu travesseiro
recoberto com delicioso resquício
da esperança que meu coração preparava.

Se eu pudesse me agarrar a um dia, seria este.
Porque nunca, eu sei, esteve tão enraizada
esta semente que por fim brota esplendorosamente
ramos incontáveis dos frutos mais variáveis
de sabores sutis, ásperos, indigestos
numa variedade que somente a perfeição
poderia me reservar. E não desejo
nenhuma outra vida, nenhum outro dia
nem um outro minuto, instante, tempo ou lugar
para estar, se não neste agora.

Desejo que dure, que perdure por entre as eras
abocanhe meu corpo e me de pernas
para que com elas, enfim, eu possa caminhar
entre as brumas tão densas desta manhã ensolarada
que a dias estava encoberta, agora teu olhar a dispersa.
E não pretendo fugir. Desejo me deitar sobre o universo
que aqui descobri e esparramar-me nele, faze-lo
de meu coberto, meu colchão.

Se antes tinha medo da felicidade, nesse dia só me pergunto
porque tanto tempo desperdiçado 
voando mais baixo do que conseguiria chegar.
Se soubesse não cairia tão fundo, não iria tão alto
se antes pudesse te enxergar.

E nesse tempo de alegria, um temor me ronda 
a espreita, no escuro, minha mente perturba
dizendo poder apagar.
mas sigo esta lua porque quando não mais
eu puder me agarrar ao sonho.
Não desejarei, viver mais.


Thiago Grijó Silva

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