sábado, 6 de abril de 2013

Sétima Pagina

Não tem velas ou ventos
meu barco podre esta naufragando
e não tenho remos ou botes
para alcançar terra firme 
que se esconde sob ondas negras
e a quebrada de cada onda
me revela uma bruma vermelha
e em meu rosto disforme
vejo a sombra de um vil ser vivente
uma tormenta que paira só
e apenas na minha cabeça.

Virei o leme para outro curso
mas mudar o rumo
não me afasta da sombra,
não posso fugir de mim.

É eterna a noite nesses mares,
gélido são os cantos uivantes
dos tornados que conduzem
as negras águas para um balé sombrio.
E rodando ao redor do navio
o derrubam, o cortam
sem sequer me tocar.
Tenho medo mesmo 
é dos seres que habitam tais aguas
e procuram da minha alma se alimentar
todos tem um mesmo rosto
que o espelho insiste em me mostrar.

Pedi socorro, mas Deus não ouviu
talvez tenha saído, ou quem sabe
esta esperando que eu seja o milagre
em vez de procurar por um.

Eu só sei que não estou mais aguentando
esse mar me balança e me testa aos limites
que o imaginário humano nunca
poderia alcançar.
cada dia dura um minuto, as vezes mais
tem tempos em que o tempo inexiste
e vago entre paredes brancas
virando o leme a lugar nenhum
Mas vou tentando conduzir minha vida
sem um tripulante no barco,
mas vejo outros barcos fugindo
acho que tem medo de vir para cá.

Acenei a um deles com um grito
e verbalizei minhas balas
sem nenhum motivo
e vi outro barco recuar.

Agora chove, chove uma chuva salgada
que preenche todo o mar
e que machuca,
e cria uma ulcera a corroer
meu corpo por dentro
e chove tanto que nem lembro
porque começou.
Tanto esforço e tempo gasto,
bravatas sempre foram meu fado
Lamina que me faz morrer.

Cortei os pulsos outro dia
mas nenhum sangue caiu
nenhuma lagrima jorrou
será que meu mar secou?


Thiago Grijó Silva


















Um comentário:

  1. Embora entenda como se sente, na concordo com o fato de se enregar assim. Toda dor um dia tem fim, toda tempestade cessa.

    bjo

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